Um laudo de microcomparação balística confirmou que o tiro que matou a indígena Maria Fátima Muniz de Andrade, da etnia pataxó, no sul da Bahia, partiu de um revólver calibre 38, disparado pelo filho de um fazendeiro. O jovem de 20 anos foi preso em flagrante.
A informação foi confirmada por um perito da Polícia Civil de Itapetinga, que investiga o caso. O suspeito segue preso no Conjunto Penal de Vitória da Conquista.
O outro homem que foi preso em flagrante é um policial reformado. Ele está preso no Batalhão da Polícia Militar de Itabuna, município que também que fica no sul da Bahia.
Além da morte da indígena, a dupla é suspeita de tentar matar o cacique Nailton Muniz Pataxó. O crime aconteceu na Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguassu, na zona rural do município de Potiraguá.
Por conta da violência na região, comunidades tradicionais pediram reforço de segurança à Força Nacional. Até a manhã desta quarta, ainda não receberam resposta.
O cacique Nailton Muniz Pataxó foi atingido no rim e passou por cirurgia no Hospital Cristo Redentor, em Itapetinga, cidade a cerca de 69 km de Itapetinga. Depois do procedimento, ele foi transferido para uma outra unidade de saúde. O nome do local não foi divulgado por questão de segurança.
Outros indígenas ficaram feridos na ação, entre eles uma mulher que teve o braço quebrado. Eles foram hospitalizados, mas não correm risco de morte.
Ministra na Bahia após episódio de violência
Na segunda-feira (22), uma comissão, liderada pela ministra Sonia Guajajara, visitou a Bahia para acompanhar a investigação do ataque. Nesta terça (23), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se colocou à disposição para encontrar uma solução “pacífica” sobre disputa de terras que terminou com morte da indígena.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), a situação aconteceu durante a ação de um grupo intitulado Movimento Invasão Zero. Já o Ministério dos Povos Indígenas afirmou que o ataque aconteceu por causa de disputa de terras entre indígenas e fazendeiros.
Ainda de acordo com o MPI, cerca de 200 ruralistas da região se organizaram através de um aplicativo de mensagens e convocaram os fazendeiros e comerciantes para recuperar por meios próprios, sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma, ocupada por indígenas no último sábado (20). Eles teriam cercado a área com dezenas de veículos.
Além dos fazendeiros que foram detidos, um indígena que portava uma arma artesanal também foi preso. Segundo a Polícia Militar, um ruralista foi ferido com uma flechada no braço, mas está estável.
Quatro armas de fogo encontradas com os fazendeiros foram apreendidas e encaminhadas para o Departamento de Polícia Técnica (DPT).
O caso é investigado pela delegacia de Itapetinga e acompanhado pela Diretoria Regional de Polícia do Interior (Dirpin/Sudoeste-Sul)
A Secretaria da Segurança Pública determinou o reforço, por tempo indeterminado, do patrulhamento ostensivo na região.